terça-feira, 17 de maio de 2022

A luz é filha da noite (ou as grandes forças são femininas)

Don't you know, you fool

you never can win, ele canta


- Estou farta de  insights, ela diz

e de epifanias

e de clarão momentaneamente aceso

para imediatamente se esvair

restando somente aquela sensação escura somada a de que logo agora pouco se pôde enxergar tudo


Viento, que viene de la montaña, ela canta

em dias que essa claridade vem rasgante, feito raio que ruge

A Luz vai ganhando um ar de temor ao de amor

engraçado, assim como lhe diziam seus pais

mas foi necessário que seus olhos testemunhassem, ofuscados, a essa vertigem enlouquecedora

(experimente olhar nos olhos das estrelas em noite de Lua nova, entenderá sobre essa vertigem)


Acontece que quando tenta amarrar suas idéias clareadas em salvas

se engana

para si mesma

sem saber como e nem por quê, mas sabe quando

É quando, ao invés de pausas,

preenche o silêncio

o satura

o esgota

com falas que eclipsam sua chegada mais perto (demais) daquele seu

infamiliar (o claro e o escuro)


No exato instante de Luz

é arrebatada de saudades de toda vez que ela esteve aqui

e ainda mais saudades desta, de agora, que rapidamente se apagará

É cíclico seu destino

(assim como o é nossa esperança de crísticos retornos - promessas eternas depositadas à prazo)

A Luz chega fálica, príncipe da salvação, chega como há de ser: irradiante

e como há de ser, ofuscante

rasga a demorada escuridão com um espetacular e soberbo vislumbre


Enquanto isso boceja, já cansada desse showzinho,

a Escuridão

que ali tudo habita, habita no sempre e no tudo

sabendo que essa filha vez por outra aparecerá ali

veloz

fugaz

sopro divino

alimentando, onde toca na Terra,

uma fogueirinha

Penumbra de Fé

singela

meio magrela e também meio firme

bem ela


Termina com eles cantando, you have proved to be a real human being, and a real hero

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