sexta-feira, 8 de junho de 2012

tâmaras

a gente tá na vida e não chega perto de entender o funcionamento dela.
e da morte então?
será que quando mortos, passaremos tanta parte da morte pensando na vida?
será que vale a pena conspirar sobre o que não está ao nosso alcance?
será que poderíamos viver sem o ponto de interrogação?

morrer é muito estranho
é tênue
é de repente
é o corpo em nossa frente e nossos olhos desacreditando que algo falta a ele
o que é que falta? como é que algo vai embora e deixa um corpo de olhos fechados e sangue estasiado?

como é que existe algo etéreo e existe quem lhe desacredita?

como podem avós enterrarem netos?
como pode um texto tão imbecil não conseguir expressar metade das dúvidas que agora me turbilhonam a mente? e que raios é "mente"!

a mente morre também? se não morre e só vai embora, foi pra onde?

pra algum lugar muito mais prazeroso que voltar aqui pra nos responder, com certeza.
mentes que se foram ficam quietas, enxergam a passagem do tempo sob outra perspectiva.
entendem, por fim, que não vale a pena esse questionamento todo, esse questionamento flagelado.
há de ser supérfluo tudo isso...

no islamismo ficamos à expectativa de que no Paraíso comeremos tâmaras.
indo menos longe a única expectativa é de que, morrendo, enfim se cessem arborizações doídas como estas da morte e tantas outras da vida.

tâmaras tem no mercadão da Luz.