quinta-feira, 11 de novembro de 2021

pai e mar

Tenho medo da morte e custo a aceitar 

Custei a notar

Custei a esconder, afinal


Custei, custei

Custei de mim 

Justificando não mais querer crer em céu e inferno 

Como fosse isso que me amedrontasse 


Mas não é isso não

Pelo menos não só 

E nem maior parte 


É camada abaixo de camada de custos subaquáticos 

É o medo de perder pai e mar 


(curioso que escrevi mar, acidentalmente) 

É o medo de perder o chão, a terra, o mar, o sorriso tenro, o olhar atento, o amor exagerado, o amor por vezes não justificado

de perder com a morte dos pais todos estes pedaços depositados na história e que tão bem lhes veste


Medo de me arrepender 

De feitos, não feitos, desfeitos 

De defeitos que jamais uma vida bastaria a concertar 


Mas o medo sobretudo 

Ou debaixo de tudo, pensando em camadas 

É o de sentir amor 

senti-lo verdadeiramente

 E o grande segredo deste é que todos hão de