quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


que esquenta meu peito
a vida linda te pôs aqui.
A princípio desacreditei, sonhei que crescíamos juntos
até que tuas barbas
se enrolaram aos meus cachos
se uniram os fios.
Botamo uns dread e ficamo coladinho

Ao teu lado os dias recomeçam primeira-vez

conquista minha mão a confiar na tua, sem rodeios
selando a saudade do desconhecido.

Enche de brilhantes amores o redor
em linhas auroras e cruzadas
suaves tiras uma vez e meia envolventes.




para amar na primeira vez, contou-me,



os corpos devem permanecer estáticos - é sabido que de súbito uma faísca dispara caso os rostos se movam de maneira abrupta.

é necessário que os pêlos faciais amaciem e arrepiem a pele feminina, de modo a remontar às mais tenras sensações tactíveis da paisagem.

suas pernas devem tomar vida própria tal que exprimam pontualmente seus anseios e reivindicações ante aos desejos do coração.

os olhos alternar-se-ão abertos a fim de apreciar o terceiro minuto da aurora e cerrados para ceder aos demais sentidos o gozo de saborear o novo amor pelos lábios.

a respiração deve ser intensa e cadenciada; de modo algum ela deve respirar por si só - a boca deve acompanhar a outra para que não se cometa a injustiça de ceder o ar quente às flores, que acatam sóbrias o orvalho gélido da manhã.

há nesse momento o consenso de que o cedo amor deve conter notas de poesia e taninos advindos da mais nobre fermentação de cevada, embalsamando o gesto em proporções que pertencem ao mais alto escalão de Morfeu e Kronos.

Relatam os sábios eremitas que se retiraram após experimentar tão tenra sensação de que não deverá haver o perigo de titubear - se lhe carecer novos afagos, o outro prontamente se disporá de saciá-los, sob pena de o título desta obra não apadrinhar os jovens amantes. Nota: o horário ou data são irrelevantes.




por F.A.M.S.