terça-feira, 15 de março de 2022

rodas do desatino 14:00 cine belas artes

Quando voltares

se voltares

estarei melhor 


Não por causa de ti

mas também


Enquanto isso a gente vai fingindo que o outro não existe 

esquece do filme, há de ter ficado em cartaz eternamente

esquece, se é que é possível, do nosso toque incendiário


Até que, pouco a pouco, borramos a memória dos nossos rostos

a conversa do whatsapp vai ficando longe, perto de outras pessoas esquecidas

o waze não sugere nossos endereços

o teclado não sugere teu nome, sugere sílaba única, dor


Assim a vida vai imitando a arte 

e há de imitar nossas forma-pensamento-fingimento


Como me sangra a Bruna (enquanto espero que nunca chegue nenhum dia se não aquele primeiro):

Quanto tempo falta pra gente se ver e fingir que não se viu
Quanto tempo falta pra gente se ver e não se reconhecer
Quanto tempo falta pra gente se ver e nem lembrar que um dia se conheceu

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