Desceria na estação Paulista, tudo normal como sempre. Medular até a baldeação.
Segundos anteriores me ocorrera a agradável - parecia agradável - lembrança de uma frase marcante, dentre várias, de hoje: “A morte é o centro da minha vida”.
Abro os olhos e me vejo completamente perdida, espacial e internamente. Eu já não estava dentro do trem: estava do lado de fora da estação errada. Não havia baldeação, não havia retorno, não havia saldo.
Tentava recalcular a rota mas não sabia nem onde me perdera. Esfrego as mãos na cabeça na tentativa de delimitar meu corpo existente dentro de um complexo mundo óbvio. Havia me perdido nesse lance de vida e morte: si-mul-ta-nea-men-te encarnadas. Ou também, caso eu queira me alienar de mim mesma, na estação Oscar Freire.
Afinal, não foi agradável assim: no ato, adiantei a morte para uma estação antes. Ela é tão intolerável que às vezes só queremos que ela chegue logo e acabe com essa paúra.
13:38 agora, aterrizo na estação Ana Rosa, em mim também.