sexta-feira, 28 de agosto de 2020

adormeci


Quando perguntei como está 

eu queria ter te ver falando assim do que você quisesse falar, 

do filme que você viu ou da comida que você quer comer.

Quando te chamei para vir em casa, confesso, pensava em casar

Quando quis saber de você eu na verdade queria saber de mim,

queria saber como estou,

que filme vi e que comida quero comer.


Quando te vi pensei que me vi

Quando bem te quis, pensei que bem me quis.


Quando digo que não quero mais te ver é porque cansei desse falso espelho que falsamente me reflete.

Somos unos, aliás, muito diferentes

A diferença me assusta e me fascina, me faz gostar mais de mim e também às vezes menos.


Quando te peguei no colo, era eu o bebê

Quando te ninei, adormeci

Quando te amei, amei a mim

Mas em partes também me esqueci. 

                 escrita intuitiva 10.06.20

Um comentário:

Fernanda disse...

Adorei o poema. Simples e profundo. Como eu costumo gostar!