sexta-feira, 14 de julho de 2017

pelas peles

Fujo pela porta daquela noite
a que me força a vestir uma roupa de sabor previsível 

Traje justo
Sob o qual todos os fragmentos de pele se amolecem pela ternura
E, conduzindo os pensamentos do dono, 
desconfiam ao mesmo tempo em que se derretem sob o terno. 

Arrepio
Gera-se calor que imita o frio, 
que este logo toma e entorna o corpo
Como tomasse de dentro de um copo 
fôssemos líquido censurado de fugir do continente, 
salvo em tremedeira do que o engole 
ou algo que desequilibre o ambiente

Do corpo, urge a permissão de assumir fraquejante a contenção
De ceder ao desejo
Encostar nos lábios do começo
salivar pela língua confessa

dilúvio de dopamina escorrendo em gotas pela espinha,
aquecendo o contorno da harmonia
Os pensamentos sozinhos sedosos e mansinhos
vestem o quarto, de dentro pra fora 
com vapores de amores 
certos, cruzados com 
errados

Meu pescoço torce, abre espaço para o seu casar
escuto por dentro o som que sai do seu ar
Mergulho em delírio sinestésico de deleite
seguido por um lapso de lúcido colete

É dor por pôr o vazio com o que lhe cabia
mas que decerto nos próximas cenas se ausentaria
mas (pele que cede após a primeira sutura, fecha pelo que é chamado de segunda intenção) 
mar de sonho naufragado em solidão
é um curta-metragem gravado em primeira intuição.

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