terça-feira, 22 de dezembro de 2020

perdi o apetite

me servi do teu banquete sem fome, sem gula. 

claro, me apeteciam algumas frutas suculentas, 

alguns pães frescos, 

caprichos que eu nem sabia o nome. 


fui me servindo à medida que te servias, 

sem tantas assincronias.


Não quis te devorar 

Não quis ser devorada 


a decepção cala o prazer no instante em que me sirvo, sedenta,

de um caju reluzente, colorido, hígido

precipita em minha boca seu sabor, 

cria-se em minha mente não uma eternidade de cajus, 

somente esse caju, 

essa rodela que pretendi destacar. 


mas a faca não serra 

é de plástico o fruto


quem faz isso? 

engana com plástico em meio a sabores verdadeiros? 


pois cruzei paralelos os talheres sobre o prato 

perdi o apetite

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