quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Tira logo a roupa

mostra a pele e a veia rota

Toma o rumo exato
Este seu certo é errado, dizem
Tem abismos catastróficos

Tira a roupa
Mostra o broto de peito já exausto
o estômago ardido de lágrimas alcalinas
Engole o choro

Aceita o cinto marcar o pecado
Colhe sua violação na vida adulta
Escolhe o caminho certo dessa vez
Recolhe seus trapos do chão

Seca esses olhos sofridos do prazer
Reúne o pensamento decapitado 
Não olhe para trás: 
este crime foi você quem cometeu

O dia do juízo final vai chegando
São minhas sábias mãos que chicoteiam o desvio
Deus fala através de mim
Não tenho medo, tenho conhecimento e honra 
Tenho fé de que tudo vai dar errado

É meu cacete que manda
ele que ensina
ele que comanda a hora da alegria
Seu buraco torto é que está íntegro em demasia

Essa sua casa não parece a minha
De onde venho há celas
Moramos presidiários de tormentos
Conosco habitam nossas excretas 
e o muro é alto demais para que as desprezemos

Sua rebeldia é uma maldição
Tira essa vestes suja e transgressora
Cobre suas ideias de latão
com minhas verdades de ouro

Nossos pais criaram filhos magníficos
Meu pai do céu me disse
Não estou delirando
A palavra certa é educando

Falo manso
mas não me provoque
não seja você
seja eu

Entrei em depressão
mas estou sempre no auge
mesmo minha escora é cume

Tira essa coroa
Tira os dentes
Tira o ar
Enforca, espanca, rasga, mata
Tudo seu é condenável

Asa é para aterrizar 
Boca é para fechar
Braço é para largar
Coração é para acumular
Cu é para cagar

Ajo por meios justos
herdei esse dom dos meus pais
e dos pais dos meus pais de três mil anos atrás

Sei mais que todos aqui
que o que é certo é certo
e o que é errado é seu

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