Me
nauseia
Teus
resíduos persistem em meu ventre
ascendem, de tempos em tempos, como eructação ácida de amor
Arroto, mas me escuto soluçando
- será um choro?
ascendem, de tempos em tempos, como eructação ácida de amor
Arroto, mas me escuto soluçando
- será um choro?
Me permiti
a uma dita dieta depois que nos fomos
Fiquei
restrita àquilo que diziam desintoxicar, aderi ao jejum intermitente
Devorei
gente nova, engoli sapos e ar
Traguei
personalidades tão diferentes e tão parecidas com a tua
Pensei
que, aumentando meu trânsito interno, te eliminaria mais rápido
Pensei em
tanta coisa
de pouco
ou de nada se valeu pensar.
Enquanto
percebo quão presa me tornastes, me arrependo de cada mordida
de cada
gole que dei, sedenta
da gula
que tua presença me causava
dos litros
entornados da nossa história
cheguei a
me banhar do mesmo jarro
e ainda
encontro trechos de pele e lábio úmidos
Tento
provocar o vômito
Com o
dedo, com as unhas, me dediquei a te desacoplar de minhas células
Nem o
ácido te corroeu de dentro de mim
- será um
câncer?
Claro,
passo semanas sem notar que moras aqui
distraída
nos encantos e nos afazeres da vida
Se escuto
teu nome, apresso em fingir que não me importo, que não me dói
Mas você,
dentro de mim, tem os ouvidos apurados
e se mexe
quando te chamam
revira
minhas vísceras, perturba meu peito
Quando
acho que é gastrite
- será
você?
Quando
provei, o sabor
deste amor
era de
amoras maduras
Era de se
impressionar tamanha doçura
- seria a
doçura oriunda da própria boca que mastiga?
Hoje
acordei com teu nome
Passei o
dia querendo vomitar
mas passei
também com fome.
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