Fujo pela porta daquela noite
a que me força a vestir uma roupa de sabor previsível
Traje justo
Sob o qual todos os fragmentos de pele se amolecem pela ternura
E, conduzindo os pensamentos do dono,
desconfiam ao mesmo tempo em que se derretem sob o terno.
Arrepio
Gera-se calor que imita o frio,
que este logo toma e entorna o corpo
Como tomasse de dentro de um copo
fôssemos líquido censurado de fugir do continente,
salvo em tremedeira do que o engole
ou algo que desequilibre o ambiente
Do corpo, urge a permissão de assumir fraquejante a contenção
De ceder ao desejo
Encostar nos lábios do começo
salivar pela língua confessa
dilúvio de dopamina escorrendo em gotas pela espinha,
aquecendo o contorno da harmonia
Os pensamentos sozinhos sedosos e mansinhos
vestem o quarto, de dentro pra fora
com vapores de amores
certos, cruzados com
errados
Meu pescoço torce, abre espaço para o seu casar
escuto por dentro o som que sai do seu ar
Mergulho em delírio sinestésico de deleite
seguido por um lapso de lúcido colete
É dor por pôr o vazio com o que lhe cabia
mas que decerto nos próximas cenas se ausentaria
mas (pele que cede após a primeira sutura, fecha pelo que é chamado de segunda intenção)
mar de sonho naufragado em solidão
é um curta-metragem gravado em primeira intuição.