terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma bola de Portishead ,uma de flocos e self-service de areia e ursinhos.

É tão mais fácil fechar a porta.
E tão fácil falar as frases na ordem previsível. Deixar de descobrir, assim, belezuras aocontrárias.
É tão fácil o amendoim já descascado. Japonês, caramelizado, Tutti.
E mais fácil o filho-da-mãe me encarar, pela fresta do retrovisor, e invadir meus olhos com tanto fulgor até desconcertá-los enquanto dizia "passa o celular"; e seria tão menos fácil e mais vontade de eu cuspir na cara de quem me roubou outra paisagem que meus olhos poderiam ter olhado naquela hora e ele agora está pendurado na minha janela do carro.
Seria tão fácil dizer "Eu vou embora desse planeta, vou levar minha casa, meu cachorro e a Avenida Paulista."

Quero usar mais as palavras gentil, ternura e tinir; inclusive descobri que muitas das palavras das que gosto tem som de tê, mas que nenhum dos nomes que fantasio pros meus filhos tem essa letra.
Quero pegar um apanhado de areia bem fina, clara e com alguns só grãos escuros. Segurá-la forte, para não escorrer entre os dedos, apoiar os cotovelos na mesa da sala de jantar onde já deixei aberta uma cartolina branca grande e inventar um mundo novo, só com novos contornos, e desenhá-lo no papel fazendo caminhos de areia deixando a areia escorrer bem devagar e vagando ao som de Portishead se for ao entardecer ou de pássaros docemente histéricos se for umas dez da manhã. Fazer contornos que se fecham harmonicamente e dar nomes aos novos continentes e países; nomes bonitos, sonoros e com a letra "T" em alguns deles e outros com sons anasalados. Depois, com o dedinho, varrer as areias que saíram de canto ou que tamparam, e com elas fazer ilhas soltas pelo mar, que será todo o resto do papel não contornado.Vou inventar um jeito de virar miniatura e de povoá-lo, e vou lá viver no meu mundo, ver o que vai ser dele, como serão as pessoas, os costumes, os crimes, os deuses. Vai ser um mundo em que, a cada ventania, tudo muda de novo. De repente, Pólo Norte. De repente, filho de um guerreiro. A cada vento o tempo muda também, mas são sempre as mesmas pessoas. Elas teriam que ser flexíveis para viver da melhor maneira em todos os tempoespaços por onde passarem. "Tem vez que estou acordada e acho que estou sonhando ou sonhando eu acho que estou louca(...)."

Não quero dizer nada com o que digo, nem consentir com silêncio. Agora, mais freqüente, consigo arborizar loucuras que, antes, eram todas canalizadas em você. Desgastava você e eu desperdiçava minha cota diária de fugas de pensamento, como a de unir vários assuntos nenhum terminado, rir muito de uma piada e enfeitá-la com piadas secundárias até estragá-la ou baixar o nível, sem querer, e rir disso. Como quando minha maquiagem ficasse igual a da Helke.
Eu me curei da minha obsessão, me tratei na real. Aderi à homeopatia emocional: dos meus sentimentos secundários, eu abusei até enjoar. Que nem a piada que a gente, sem querer, estraga colocando uma sombra roxa e um batom vermelho. Enfim, tratei desses galhos. Daquele nosso cheiro, o destino fez que com que seu tubinho explodisse creme em toda a minha mala, e eu não aguentava mais aquele cheiro. As músicas foram sendo perdidas, suas melodias, se riscando. Não lembrava mais de vestir alguma das blusinhas que você tenha elogioado, talvez raras. Isso no período da overdose, em que a gente se droga de coisa pior que a droga pra esquecer da primeira. Agora passou. Eu nem gosto nem desgosto do cheiro. Tem dia que sim, tem dia que não. A música, as vezes sei cantar, em outras não. Tem dias que eu até visto alguma das blusinhas, mas não necessariamente pra você, meu bem. Isso não é ótimo? Chegamos onde sempre quisemos, se bem que isso não é tão gostoso; é uma pena e não é. Depende: é que nem sorvete na Lelu´s (eu pensei que era "Lelu´s", mas no Google está Lelos e eu acredito mais na minha infância); uma hora é flocos, outra hora é milho-verde.
-Hoje eu queria uma bola de cada com self-service de ursinhos, amendoizinhos, granulado e calda de chocolate que endurece e, junto com ele, endurecem as outras guloseimas, por favor!


Anacrônico: várias ventanias ocorreram durante toda essa mistura de assunto, que eu uni com calda de chocolate e, por algum motivo que desconheço, faz algum sentido.

15 comentários:

Anônimo disse...

Sentido mesmo fará a hora em que você despencar do so seu salto, ter que mostrar toda a sua esperteza de cara limpa... nunca esteve tão próximo o "acender as luzes" e eu me pergunto onde será que você irá estampar toda aessa sua poesia manchada de amargura e solidão. Isso te incomoda não é? Saber que a qualquer hora a sua hora chega... aí você volta aqui para escrever sobre o verdadeiro sabor do sorvete que você nunca provou em sua vida! ;)

Anônimo disse...

Ah, só mais uma coisinha: triste mesmo é passar a vida tentado ser a sombra de alguém que te despreza! Continue aí calculando fatos, planos e situações... um dia você sae do fracasso! Já que você procurou pelo "Lelos" no google aproveita e procura esse aqui: PARAFILIA! ahahahaha (algumas estão associadas a transtornos mentais como a esquizofrenia) e você se classifica em pelo menos três tipos (no mínimo!) Faço uma aposta como acertei o diagnóstico! Boa semana!!! :)

Layla disse...

Esquizo...eu?
Pode até ser, eu acho distúrbios psiquiátricos um charme só!

Mas se sou, não sou a única por aqui, né? Você é um completo fantasma e diz que me despreza, como isso é matematicamente possível?

"Cara limpa" eu tenho, e você, tem cara?

Eu estou de verdade receptiva, maternalmente. Tanto que nunca impedi meus queridos anônimos de virem ter seus "2 minutos de ódio" (1984 - George Orwell) no meu Blog. Principalmente você, querido anônimo, que me concede maior ibope que um dia eu pude imaginar ter; você é meu comentarista predileto e assíduo, deixa mu blog com um drama e uma novela espontâneos e deliciosos!

Não sei por quê tanta hostilidade. Você pode acabar sendo minha paciente qualquer dia desses. Ou eu a sua!

Viva a insanidade! VIVA!

V, disse...

Olha, eu só ia lhe trazer flores - amarelas, daquelas que nascem perto de grandes árvores.

E me irritei. Diz pro cara a verdade, algo assim:
"Que você me adora! Me acha foda!"

Vontade de jogar nele os ovos que meu primo enterrou por dois meses para meu trote. Ah, talvez ele não mereça, meu primo fez foi com amor!


Mas olha as flores aqui, colhi hoje de manhã porque passei a noite com frases do seu escrito falando em minha cabeça.

E adorei essa minha manhã!

Anônimo disse...

Só mais uma coisa: Obsessão tem você que me acompanha noite e dia pra poder fazer seus comentários e sua poesia bizarra! Vai se tratar sua esquizofrênica, não vou mudar meu estilo de vida pq ganhei uma sombra! Se você fosse gente falaria na minha cara mas você prefere se auto afirmar com esse perfil de lixo enfeitado com teu português ensaiado. Eu te desafio: venha falar pessoalmente, faço uma aposta como você não vem! Além de tudo, aaaaa tenho sonho era ser médica não é? Você se entrega em cada detalhe!!! hahahah Eu detono seus argumentos e sua psicologia barata em segundos! auiauiauiauia

Anônimo disse...

Só não esqueça de levantar do chão pra falar comigo! ;) auiauiauaiauia

Layla disse...

Eu vou vou amor, vamos conversar.
Contato que sua covardia seja ultrapassada e você assine seu nome.


Eai?

Anônimo disse...

deixa seu endereço virtual e eu entrarei em contato com você, vamos ver quem está falndo a verdade

Layla disse...

layla.mem@gmail.com

já aviso que se for pra continuar no anonimato, eu passo.


espero ansiosamente.

Layla disse...

aliás, se você nem tem meu e-mail, como raios eu conheço você e sou obcecada por você?

quanta desconexão!

Layla disse...

Silêncio (e/ou covardia), como presumi...

Anônimo disse...

Eqto você não postar seu verdadeiro email nada feito. Ah, não vou te convidar pra bater papo e perder meu tempo não... ou liga a cam e prova quem você é ou fica aí falando sozinha!

Layla disse...

HAAAAAAAAAAHAHAHA
quê?
velho
mano
cara
quetacontecendo?

esse é meu email de verdade
e você não fala nada com nada!

Josiana Rezzardi disse...

Ah, como eu adoro seus escritos! Tudo tão solto, tão leve, tão vivo!
Beijo querida

Unknown disse...

O mais fácil nem sempre é o melhor dos caminhos. Existe um poema de robert frost publicado em 1915 que diz:

Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I,
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

E a diferença em nossas vidas quem faz somos nós mesmos. o mundo se molda a nossa vontade. As pessoas fazem conosco aquilo que deixamos. Nós somos os Deuses que criam nossos caminhos a todos os momentos. podemos escolher os caminhos fáceis trilhados por todos, ou nas encruzilhadas da vida fazermos nossos próprios caminhos. isso faz toda diferença...