quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
tão sempre movida pelo coração
assim move-se, também, minha inspiração
pensava eu que um grande amor me pariria buquês de poemas.
mas meu maior jardim até hoje registrado foi regado por desamores,
desencontros,
descontroles.
amando eu quero amar,
esqueço da caneta e da cabeça,
pra mais tarde encontrar guardanapos escritos com uma grafia abstrata, quase ilegível,
nos quais guardo meu outro jardim, o secreto,
incapaz de ser expresso, esconde-se.
Amor escapa até da arte,
nobre, hesita submeter-se a metalinguagem.
assim move-se, também, minha inspiração
pensava eu que um grande amor me pariria buquês de poemas.
mas meu maior jardim até hoje registrado foi regado por desamores,
desencontros,
descontroles.
amando eu quero amar,
esqueço da caneta e da cabeça,
pra mais tarde encontrar guardanapos escritos com uma grafia abstrata, quase ilegível,
nos quais guardo meu outro jardim, o secreto,
incapaz de ser expresso, esconde-se.
Amor escapa até da arte,
nobre, hesita submeter-se a metalinguagem.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Assobie, Saudade
Uma mulher encontrou um homem. O homem completa a mulher, assim pensa ela. Homem é quem eu precisava encaixar na minha rotina louca, que é a rotina de uma mulher - pensa a mulher.
Ela analisa o Homem quando este toca a campainha, ela analisou como foi o sonar da campainha.
- Estaria ele bravo? Ora...bravo não! Talvez esteja com pressa! Talvez, porém, esteja com as mãos cheias de alguma surpresa pra mim, e seu dedo pressionou com uma burra força a campainha. Hm, sinto cheiro de flores!
O Homem estava normal. Muito normal. Mãos no bolso olhando algum detalhe qualquer numa mira simples. Ela, então, reparou nas trepadeiras da parede e pensou: ainda bem que é só a natureza que está conspirando a favor, não tenho nenhum vasinho bonito pra colocar as flores, ele me acharia desmazelada.
Quando voltam seus olhos para os olhos do Homem, ela lhe dá um abraço desengonçado e verdadeiro, mirando o jardim, mentalizando agradecimento ao destino, enquanto cafunga forte o pescoço do Homem.
O Homem:
Quando voltam seus olhos para os olhos do Homem, ela lhe dá um abraço desengonçado e verdadeiro, mirando o jardim, mentalizando agradecimento ao destino, enquanto cafunga forte o pescoço do Homem.
O Homem:
- Toquei a campainha. Celular, carteira, chave do carro, rádio do carro. Tudo aqui.
Porta abre:
- Cheiro gostoso na casa. Vestido interessante. Hmmmm, que delícia tudo que eu senti nesse abraço.
A Mulher cozinhou em todas as vezes que o Homem vinha, mesmo que a visita fosse só para buscá-la para irem a um lanche.
- Qualquer coisiiiinha. Amendoim com um cházinho. (Para minha auto-confiança plena do momento, desejo muito saber se ele realmente iria gostar das refeições, pra caso a gente more junto. Ah! "Caso" não, a gente vai morar junto! Ah, a Lua de Mel, vai ser tão linda!)
O Homem conheceu a Mulher onde trabalham. Ela estava sempre com o gancho do telefone em um ouvido na última mesa do escritório, ao lado da cafeteria do andar. Algumas vezes a outra mão da Mulher estava remexendo algumas madeixas de cabelo. Uma vez era a caneta que ela estava mordendo, mas talvez só essa o Homem tenha percebido. Ele só quer pegar café e acha bonitos os peitos da vizinha da cafeteria. Quando lancha sozinho, se diverte em colocar uma cadeira em direção ao Gabinete dos Peitos.
A Mulher, um dia, percebeu. Bem na hora que escrevia um recado importante no telefone. Percebeu que um Homem olhava pra ela, tão fundo em seus olhos que, acelerada, deixou o gancho cair. Agachada para pegar o telefone caído, a mulher manteve seu foco no Moço, notou que ele lhe deu um sorriso.
O Homem, com a xícara próxima a seu rosto, achou interessante que sob essa perspectiva seus peitos ficaram ainda mais excitantes, sorriu. Hoje eu sou um Super-homem, pensou e contraiu os músculos de seu iniciante peitoral.
O Homem gosta de bons filmes, boa música, boas lingeries.
Gosta de compartilhar com a Mulher. Acha interessante que ela tenha outros pontos a favor. Fala sobre o filme italiano e, contente, acaba falando de um filme muito longe de um gosto feminino, e se surpreende quando ela diz que sim, que assistiu. Ele desacredita!
Ele gosta de ser o motorista de seus encontros. Ele acha carinhoso isso, de ela cozinhar. Ela coloca pouco sal e ainda não percebeu que eu não gosto de pimentão, mas é gostoso se aconchegar numa casa grande e limpa, tomada pelo vapor quente da cozinha. Em casa, muitas vezes, ela o recepciona com um roupão grande, difícil de saber se ela está sem nada por baixo. Ele é o Super-homem quando acredita que ela se comporta mais safada em alguns desses dias.
Uma vez ele lhe trouxe flores.
O Homem gosta de conversar com a Mulher por conseguir não falar do emprego. Ela só atende telefones e pouco entende do meu stress na empresa. E nem precisa entender. Farei dela meu porto-seguro. Meu escape. Minha fuga e meu prazer. Deleite.
O Homem gosta de você, diz a Amiga. Mas ele não está te fazendo bem, continua, alisando os ombros da Mulher.
A mulher escuta a Amiga já há mais de dez anos, e sempre ouve muito emotiva e considera o que está sendo dito. Geralmente, perde mais tempo sendo emotiva.
A Mulher percebe que precisa rever o relacionamento. Precisa rever sua felicidade, colocar ambos em gráficos, analisar a intensidade pelo tempo, data por data. A Mulher precisa também rever quais eram, mesmo? Os critérios do meu homem Perfeito?
A Mulher precisa cozinhar, mas assim que ele chegar, ela tem que parar de pensar nisso. Tem que fingir um orgasmo da rotina. Ela saltita, estabanada, em direção à campainha que toca, antes de dar uma última profunda inspirada. Coloca as mãos na maçaneta.
Algo retarda seu movimento de abertura da porta. Ela paralisa e sente seu rosto aquecendo. O calor começa a percorrer um caminho ascendente para seus olhos, e seus olhos alcançam uma temperatura fervente.
Ela tenta inspirar de novo com mais calma, ele não pode ouvir do outro lado da porta.
Os olhos então são encharcados pelas bombeiras glândulas lacrimais, a expiração sai soluçada.
O Homem esfrega as mãos de frio e está ansioso para entrar desde quando ouviu o estalar na maçaneta. Ouviu, também, um som indiferente.
A Mulher, ajoelhada, ouviu a campainha tocar mais uma vez.
Seu celular tocou cerca de meia hora depois de ter se esparramado, melancólica, pelo chão.
Sentia o vento de fora arrepiar-lhe as costas e tolerava-o. Tem sempre que provar pra si que pode tolerar circunstâncias difíceis. Provar que ela era corajosa, capaz e carente de amor. Que o Amor logo ocuparia o caminho do vento, remexendo seus cabelos e assobiando a primeira música que seu Homem lhe apresentou.
Passou a noite em claro na mesma posição torturante. O silêncio não fora interrompido uma vez, sequer. Nem o telefone, nem o vento mudou sua vibração.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Mulher é uma coisa, homem é outra, não tem como nem razão pra duvidar.
Se fosse pra mulher, na verdade, ter barba como um interessante aspecto positivo, ela talvez teria características imprevisíveis que o homem apresenta por ser ele, o bonitão de barba.Se fosse pra homem ter cabelo comprido e passar horas na elaboração de seu bom aspecto mínimo ou luxuoso, ele teria que pedir pra mulher esperar sempre mais uns minutinhos; 'mas já são 17:40 e o filme é às seis!' Tanto tempo extra ele passaria olhando nomes de shampoo do que de gilete. Nós é que saberíamos o melhor creme de barbear, afinal no Mercado haveria bem mais opções de "para barbas tingidas e danificadas pelo Sol".
Mulher menstrua. Isso não deveria ser um horror. Pra ninguém, especialmente para aquele que menstrua - sequer mentalizo traçar uma imagem de um homem pós menarca tão simples quanto a do homem de cabelos longos.
Não digo em letras minúsculas, digo sobre Homem e Mulher. Aquilo que todos sabem onde está a diferença e a semelhança, que é sempre tão similar e diferente ao mesmo tempo.
Mulher tem que fazer xixi em diversas posições. Ora confortável, ora quase confortável. Ou é a tampa da privada fofinha de casa, ou é mandar a cócoras no banheiro turco. E engraçado que quanto menos confortável, observei nossa delicada e forte maneira de nos concentrarmos. Sob a perspectiva do fazendo-xixi-na-rodoviária existe uma garrafa 2D delineada pelo contorno interno de nossas coxas. Não é nada demais, mas é uma perspectiva de nosso próprio corpo humano que talvez mais mulheres notem que homens. E isso também pode ser nada demais. Se nos concentramos em criar uma terceira dimensão, podemos pressupor, empiricamente, o quanto de uma garrafa estamos enchendo por xixi. Sei lá, vai que quando a água do mundo acabar isso seja estratégia de sobrevivência essencial para diabéticos.
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