domingo, 12 de abril de 2009

As três palavras: eu te desamo

Pronto, simples.
Todos deveriam de ter coragem de admitir.

Te desamo, porque cansei de tentar amar. O certo seria ser tentado a amar, não é?

Cansei de galicismos, de descartinhas de amor, de bombons de dessonhos de valsa.
Meu amor por você não é aceito no Mundo dos Amores, sei porque estive conversando com um real amante, com coroa e tudo.

Metáfora e síntese do amor é aquele abraço da garota e seu namorado. Aquele pulo, a maneira como ele a carrega, a maneira como ela dobra os pés, para que ele possa ergue-la
Ela de pernas dobradas, ele com o antebraço exposto e paterno. Ela com o rosto milimetricamente projetado para encaixar e mergulhar no ombro dele. Os dois sentem o perfume do outro, perfume que inclui desodorante e cheiro nato de cabeça. Para os amantes, o que fede lhes é perfume; o que lhes é perfume é quase imperceptível.
(Amor é o sentimento que...exatamente esse: dois pontos, ponto final, de exclamação de interrogação, reticencias. E, mais que tudo, é ponto e vírgula.)


Ele é protetor, ela é leve. Ele se equilibra em dois pés fincados, ela é meiga. Ele a ama, ela se equilibra sem pé algum no chão. Ela o ama, ele sabe; ela sabe.


Saber que ama, é quando se tenta expressar com palavras o que se sente, mas se acaba em um beco inexpressível.
O músico toca o tom que os amantes reconhecem, e na hora pensam “isso, isso é amor”.
Isso o que? O começo da música "Walk with you" do Dispatch? Duvido.
Um pintor plastifica o amor em uma tela, e os amantes pensam de novo...Isso! O que? Um borrão vermelho com um preto, um traço em tinta a óleo? Duvido.

Um perfume cheira a amor, um filme, uma pipoca, um canivete, uma rua, um sabor, um homem e uma mulher.

São todos pedacinhos do mundo que trabalham em equipe para nos gritar o que é amor, mas alguém nos fez surdos para ouví-los.

Também,perderia a graça. Graça de amar, ou de ansiar amar, é supor os sentimentos, é buscar uma definição, um sabor, um homem uma mulher.
Pois bem, se somos surdos, somos mudos.

Por isso que das artes, tentar dizer ou escrever o que é amor é a mais difícil, mais impossível.

O máximo que conseguimos fazer, bem, é juntar as quatro benditas letras,e dar um suspiro de alegria e...ou...e...de raiva logo em seguida.




Palavra de quem nunca amou,nem foi amada. Ou já, e nunca soube de nenhum dos dois.

10 comentários:

Fabrício Vieira disse...

"Ele é protetor, ela é leve. Ele se equilibra em dois pés fincados, ela é meiga. Ele a ama, ela se equilibra sem pé algum no chão. Ela o ama, ele sabe; ela sabe."



Ela é magra;
se gorda for, ele é bem forte.

Se ele for magro, no mesmo momento do abraço e das pernas cruzadas, passa um homem na frente dela;
ela olha pro cara, deseja-o: ele tem cabelos enrolados e cogumelos.

não existe amor.
existem aparências.

Layla disse...

e existem erros!
e feridas

Layla disse...

ou deserros, e cicatrizes.

Click disse...

Mas que baita saudade estou matando agora!
E quanto ao amor, existe. Ah, existe muito, muitos, montes e montes, só nesse texto encontrei mais ou menos uns quarenta e três, todos bem de verdade e reais até a última gota! Lindo de lindo, muito bom esse copo d'água!

Léo disse...

Para o psicanalista Erich Fromm (1900-1980) os seres humanos têm a tendência natural a pressupor que amar é uma coisa fácil, pelo que buscamos ser amados antes que amar.

Segundo Fromm, a capacidade de amar só se adquire plenamente na madurez pessoal: O amor infantil diz: Te amo porque te necessito (o qual é um afecto egoísta); mas o amor maduro expressa: Te necessito porque te amo.

Segundo o reconhecido psicanalista existem vários tipos de amor que convém classificar na seguinte sequência:

-Amor filial: É o vínculo que unifica o núcleo familiar mediante as relações frutíferas entre pais e filhos.

-Amor materno: É a aceitação incondicional onde a mãe ama o seu filho sem depender de nenhum mérito nem qualidade que influa na sua determinação em acolher e cuidar de seus filhos.

-Amor paterno: Baseia-se na condição dentro da qual o filho cumpra ou obedeça às normas de comportamento estabelecidas pela autoridade do pai, que o protege e motiva o filho a pôr em prática a sua capacidade de lealdade, respeito e responsabilidade necessários na vida adulta.

-Amor a si mesmo: consiste numa adequada valoração da nossa auto-estima sem a qual é impossível estabelecer qualquer tipo de apreço pelas pessoas que nos rodeiam.

-O Amor romântico: É a atracção física e mental que produz uma compatibilidade de sentimentos entre duas pessoas do sexo oposto, o que gera uma relação de reciprocidade entre o casal que os liga num compromisso que mais tarde deriva num lar compartilhado.

-O amor neurótico: Existe, não obstante algumas falsas concepções do amor que deveríamos identificar para evitar manter relações humanas que afectem a nossa saúde integral, pelo que Fromm recomenda de evitar obsessionar-se com uma pessoa em particular -amor idolátrico- que reduz o nosso suposto amor a uma simples dependência psicológica que gera uma profunda pena, frustração e desilusão.

Por último Erich Fromm recorda que amar é a acção de dar a vida sem reservas enquanto que o egoísmo mata a vontade da pessoa que deseja receber o que não é capaz de gerar em qualquer pessoa (Aqui aplica-se perfeitamente a lei da reciprocidade onde mais bem-aventurada coisa é dar que receber).

Se uma coisa aprendi da leitura deste livro é que a arte de amar é o empreendimento mais importante a que podemos aspirar nesta vida. Sim, como uma planta, o semeamos através da confiança e empatia, o regamos com carinho e perseverança e o cultivamos com o conhecimento mais íntimo das pessoas que amamos.

Rafael Cunha disse...

Prefiro o Amor como Româ.

Gostei do blog.

bjo

Rafa

paramulherflores.blogspot.com

Unknown disse...

Muito lindo parabéns Laylinha :D (Uma futura escritora médica) :D

Rafael Cunha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael Cunha disse...

Permita-me....

Desamor
Em dó maior.

É me amando como se fosse o primeiro.
Me expulsando como se fosse o último.
Me embriagando como se eu fosse um cervo.
E me enlouquecendo como se eu fosse Hamlet.

- Ofélia do Líbano.

Namora os meus lábios em sua pele.
Olha-me como se eu existisse nos seus sonhos.
Toca-me com a areia quente do seu deserto.
Delicia-me com suas tâmaras.

Deite-se e flutue nos meus olhos salgados de tanta lágrima.
Escorra seus cílios no meu rosto.
Enxugue meu suor com seus cabelos pretos.

Lava-me com seus olhos,
percorra em mim cada espaço.
Desapareça com todas as águas.

E só assim o sal voará junto a maresia do entardecer.
Deixarei meus ombros a mostra, para seu encanto.

Eu limpo, descansarei em paz.

Rafael Cunha

Rafael Cunha disse...

lay?