sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Assim que o AMOR entrou no meio, o meio virou AMOR




O fogo se derreteu, o gelo se incendiou
E a brisa que era um tufão
Depois que o mar derramou,depois que a casa caiu
O vento da paz soprou" LH



Foi antes de descer ao rio Lether,instantaneamente antes. Era hora da escolha do amor-eterno, a minha ja havia terminado e faltava a das mulheres de trás de mim para que fôssemos logo banhar-nos no Esquecimento ao tomarmos a água do rio. Fiquei à espreita,quieta e pensante, assistindo a cerimônia das remanescentes.

Era como um túnel em "u", com as duas saídas abertas e com largura suficiente para caber nossos etéreos corpos de então. A mulher é quem entra primeiro neste túnel,e foi assim que fui na minha vez. Entrei e tampei uma das saídas do túnel. Mal entrei, senti uma correria cavalgar, seguida da entrada de muitas pessoas no Meu túnel pela saída que sobrara, mas eu não os via. Desta maneira eu ficava de costas para uma fileira de homens, todos canditados a serem meu-amor-eterno. Somente eu via, e somente ele, via as costas do último e o pior candidato a me amar em vida real, no fim do túnel. Ele não era feio,não mesmo, mas não me amava.
(2)(3)(4)

O que me encantava era o que minhas costas viam. Meu cangote era atingido por uma serena expiração que me arrepiava. Senti que meu coração acelerava quando o dele estava ofegante, e se acalmava se o dele também o fazia. Eu o amava, sabia que era ele o vencedor, mas não o via.
-Deus!O amor da minha vida está tão perto e tão irreconhecível!Eu o amo, eu o amo!
(1)

Meu corpo o reconhece, exceto minha vista. Não conseguiria apontar na rua quem seria ele, mas se ele passasse por mim pelas calçadas e calçadões da vida,seu cheiro! se seu cheiro...se passar,áh!meu coração morrerá, esperando o toque do amado para reviver.
-
Moral

1.
Não reconheço o Amor da minha vida pela aparência.
2.
Reconheço, sim, o meu não-Amor, meu pior candidato. O malandro que chegou por último no túnel sem empenho algum para me amar, e acabou interrompendo a passagem assim, só por malandragem. Eu o vejo, e ele me atrai, afinal, ele é malandro.
3.
Os homens que estavam na fila, do segundo colocado até o penúltimo foram impedidos de sair pelo meu malandro mal-amado.
4.
Assim, desses canditados que seriam os mais velozes e vencedores de outros túneis de mulheres atrasar-se-ão (!) na corrida. E ela se casará com um outro, que não o Amor Eterno, um Temporário que estava em seu cangote. Estava em seu cangote, mas ela nao se arrepiava: o Eterno mesmo estava em terceiro lugar, atrasado. Dai nascem separações e amores errôneos.
-
Moral da moral:
malandro que é malandro
finge que ama só por malandragem. - Nota: Rio Lether, aquele que Platão dizia termos mergulhado nele assim que saímos do mundo das Idéias e nascemos no das Sombras; fazendo-nos meros 'esquecidos' destinados a passar a vida nas reminiscências, RELEMBRANDO (não aprendendo) coisas de la vida. Nota da Nota: em árabe a palavra que traduz ser humano é Inssán (=aquele que esquece).

7 comentários:

Unknown disse...

Muitas cores! Sofri com as mesóclises às 2 da manhã.

O desenhinho ficou ninja.

Click disse...

É... você realmente escreve bem!

Click disse...

Gostei!

Luiz Gustavo disse...

gostei![2]

Click disse...

Sei que não é coisa que se peça, mas... Escreva mais! Eu realmente estou voltando aqui pra ver se tem coisa nova!

Click disse...

"Foi coinscidência nossos temas?". Respondo: Não foi coinscidência, propriamente, ou melhor, não somente coinscidência, mas, além, confluência e convergência porque todas as imagens que escrevi, que criei ali no "Soneto que não escrevi" são, dizendo de uma forma que eu mesmo consiga entender e sentir, a altura do salto que eu alcancei a partir do impulso que você deu no tal do meia-morte. Aquele soneto é seu, mas é meu! E a dor, os nós na cabeça... isso é o que escreve, não é verdade?!

Cara, Prosa, é um prazer te conhecer! Beijos!

P.S.: Comento aqui para que seja mais fácil de você achar...

Click disse...

Prezada Prosa,
saiba que eu entendo perfeitamente esse tipo de ausência e sua casualidade, visto que eu, há pouco, estive também em período de provas e cobranças acadêmicas que me fizeram frear bastante o ritmo com que costumo atualizar o blog. À parte isso, não faz idéia do quão bobo me deixa esse coçar de dedos e saiba que é recíproco no que diz respeito à minha frequência por aqui à procura de coisa nova! Espero que volte logo sua internet e que vão logo suas aulas!

Um beijo, Poesia Tagalera!