Ela tem vinte e seis
Gosta de Jazz
É enérgica
Sente cólica
E tem cara de Marta
Essa cara que faz umas caras
que ele não gosta
ele também tem vinte e seis
Passa um furacão
Passa dois, passa três
Ela é de esquerda
pelo menos com certeza não votou naquele que não merece ser nomeado
Ela pedala livremente
mas como a queríamos tombada
esborrachada com a cara no asfalto hospitalar
que o furacão a retomasse de pé
Ela esfrega as mãos
nervosa, friorenta
pensa no café, já frio
enruga a testa, parece brava
Os olhos que sobram da face mascarada
são também cobertos por algum véu
que se mexe rápido demais na ventania
às vezes expõe demais
às vezes recua demais
Dói quando ouve que dá medo
assim como lhe disse sua mãe e um garoto da escola
engole saliva amarga com gosto de choro
que fica doce eventualmente
Não sabe o que sente
Não sabe quem é
Não sabe sobre essas tais das relações
Não sabe de nada
nem mesmo quanto vale a vida
Essa vida de merda, ele diria
ela
ela não sabe nem responder