domingo, 22 de junho de 2008
Apresentar-me (a mim mesma)
Há dias me sinto encravada a mim mesma.
Esse meu alter-eu que quer e até finge saber escrever,me suplica a voltar a fazê-lo.
Talvez esse post de início não sirva para nada.Até talvez tudo que eu vá escrever aqui sirva pra nada.
Para mim,no fundo e na superfície servirá.
Escrever é só mais uma excreção necessária de mim.Não das orgânicas,mas das imaterias e surreais.Não que eu soubesse escrever, nem que eu vá saber.Mas nada disso me importa também:só me importa o alívio de ver num papel algo que eu chame de eu, e que eu saiba lê-lo.
É,acho que é assim mesmo que eu fazia,assim que eu digitava.Mal termino de pensar a pensada,eu vou pressionando os dedos.
Pena que saiu um pouco do óleo da minha engrenagem,estou bem enferrujada e encostada,junto de minha CALOI amarela piu-piu lá na churrasqueira.
Mas não me importo, pelo menos não fui jogada num fundo sem fundo. Ou se fui, fingi ter um apoio no pé, e com o dedão arrastando em matéria sólida,coloquei o cano em busca de oxigênio.
De reinício,do meu encravado,terá a parte purulenta. O verde do pus que sai de uma ferida que eu deixei exposta à vago,ignorando-a como se não doesse.
Deixar de me abrir, de fato me dói,corrói o espírito e inflama ao pus.
Depois do pus,vai vir o sangue,primeiro o bem plasmático, depois aquele sangue cor de sangue. Aquele vermelho cor de sangue; Serão palavras e textos de possível compreensão.
Quem sabe,daqui uns tempos, uns segundos, meses ou vidas, saia da minha ferida algum sangue cor de flor. Uma flor cor de cheiro, e um cheiro cor de amor.
amor este escrito e traduzido em palavras.
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